Estudo de Investigadores do MED – Universidade de Évora revela novos dados sobre a importância das interações de animais na transmissão de Tuberculose bovina

Ago 29, 2023Notícias

Um estudo de revisão recentemente publicado na revista científica “Mammal Review” revelou importantes descobertas sobre as interações entre mamíferos selvagens e o gado doméstico, e a sua relevância para o risco de transmissão de Tuberculose bovina em todo o mundo. O artigo científico, intitulado “Disentangling wildlife–cattle interactions in multi-host tuberculosis scenarios: systematic review and meta-analysis”, está disponível para acesso online e divulga os principais critérios e métodos utilizados para definir uma interação entre animais selvagens e bovinos com relevância para a transmissão da tuberculose bovina.

O risco de transmissão da Tuberculose bovina (Mycobacterium bovis) é muito elevado quando hospedeiros infetados e suscetíveis entram em contacto físico ou muito próximo, havendo maior probabilidade de transmissão de aerossóis. Estas interações diretas têm sido apontadas como o principal meio de transmissão da doença. No entanto, alguns estudos têm sugerido que estas interações podem ser raras e que as interações indiretas (uso do mesmo espaço contaminado por espécies diferentes, em momentos diferentes) podem ser mais frequentes e representar um risco maior na transmissão.

Neste trabalho foram analisados, pela primeira vez, os padrões de interação entre mamíferos selvagens e bovinos, a uma escala global, e as suas potenciais ligações com fatores ecológicos e metodológicos, concluindo que para prevenir a transmissão da tuberculose bovina ao gado, deve ser dada atenção às interações indiretas, uma vez que estas foram 154 vezes superiores às taxas de interação direta. A elevada densidade de mamíferos selvagens (como o javali e o veado) aumentam as taxas de interações indiretas, o que pode resultar num maior risco de transmissão da doença para o gado.

Este estudo pioneiro foi coordenado por investigadores do MED-Instituto Mediterrânico para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, sediado na Universidade de Évora, e envolveu investigadores do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, ambas unidades de I&D pertencentes ao Laboratório Associado CHANGE – Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade, e vem contribuir para a definição de medidas de controlo e biossegurança, também aplicáveis a outras doenças infecciosas que circulam entre a vida selvagem, espécies domésticas e a espécie humana.

A investigação foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, no âmbito de uma bolsa de doutoramento (SFRH/BD/146037/2019), do projeto COLOSSUS (PTDC/CVT- CVT/29783/2017) e do projeto MOVERCULOSIS (2022.06014.PTDC).