“Corrida ao Ouro em Montemor-o-Novo” | Investigador do MED participa no episódio do programa Biosfera da RTP

Mai 7, 2025Notícias

O episódio mais recente do programa Biosfera, transmitido no passado sábado, 3 de maio de 2025, na RTP2, foca-se na crescente contestação à prospeção mineira de metais preciosos em Montemor-o-Novo. Intitulado “Corrida ao Ouro em Montemor-o-Novo”, o episódio conta com a participação de António Mira, investigador do MED&CHANGE e professor no Departamento de Biologia da Universidade de Évora.

A reportagem aborda o pedido de atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de depósitos minerais de cobre, chumbo, zinco, ouro e prata numa área de quase 450 km², sendo que cerca de metade desta superfície se encontra classificada como Rede Natura 2000, um território reconhecido pela sua elevada importância ecológica. [Esta rede foi criada pela União Europeia para garantir a conservação de habitats e espécies ameaçadas]

Durante o período de consulta pública, o projeto gerou forte oposição: das 172 participações submetidas, 169 foram contra. Entre os contributos críticos, destacou-se o parecer subscrito por um grupo de investigadores do MED&CHANGE, que alertou para a ausência de uma estratégia clara que assegure a neutralidade de perdas de biodiversidade.

Catarina Fernandes, investigadora do CERES e MED, durante estadia científica na Suécia a desenvolver condicionador capilar ecológico com lignina.

Segundo o parecer, o plano de prospeção revela “um desconhecimento dos valores naturais da região” e falha em apresentar medidas eficazes de mitigação. O documento sublinha ainda que o projeto “é completamente omisso em relação à fauna“, ignorando grupos-chave como anfíbios, répteis, aves noturnas e mamíferos, cuja presença e importância ecológica são bem conhecidas na região.

António Mira, um dos signatários do parecer e entrevistado no programa, alerta: “Não faz sentido numa área com estas características, que está ainda relativamente intacta  e num estado muito favorável de conservação, iniciarmos aqui e desenvolvermos uma indústria que reconhecidamente é invasiva”.

Aguarda-se agora a decisão final da Direção-Geral de Energia e Geologia sobre a viabilidade do projeto.

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